segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Raça, etnia, preconceito, discriminação e racismo


Ao falarmos e/ou ouvirmos ao termo raça devemos ter cuidado, pois esta é uma palavra que possui uma carga de complexidade histórica e social. Deve-se estar atento ao sentido, significado e contexto em que ela é usada. De acordo com Gomes ( 2005, p. 45) os movimentos negros e sociólogos não empregam o termo dentro da ideia de raças superiores e inferiores, mas sim dentro de uma dimensão social e política. Há também de se considerar que no Brasil a discriminação racial e o racismo ocorre devido aos aspectos culturais, mas também pelos aspectos físicos observáveis na estética corporal dos indivíduos de determinado grupo étnico-racial. 
Gomes ( 2005)  faz a seguinte observação sobre o termo raça

“Os militantes e intelectuais que adotam o termo raça não o adotam no sentido biológico, pelo contrário, todos sabem e concordam com os atuais estudos da genética de que não existem raças humanas. Na realidade eles trabalham o termo raça atribuindo-lhe um significado político construído a partir da análise do tipo de racismo que existe no contexto brasileiro e considerando as dimensões histórica e cultural que este nos remete.” (GOMES, 2005, p. 47)

Etnia é “usado para se referir ao pertencimento ancestral e étnico/racial dos negros e outros grupos em nossa sociedade” (GOMES, 2005, p. 51). O termo que considero mais adequado, e o qual utilizarei durante a escrita deste trabalho será grupos étnico-raciais, por compreender que estes dois termos possuem significados relevantes, se complementado e fundindo dentro do contexto social brasileiro.


Segundo Nogueira (2007, p.6) o preconceito racial é entendido como

 uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece”.

O preconceito racial e uma atitude que se se aprende socialmente, não se nasce preconceituoso, as crianças aprendem a ser preconceituosas observando atitudes raciais dos adultos (GOMES, 2005). Há de se considerar que uma criança vive em diversos ambientes, família, vizinhança, igreja, círculo de amizades, e escola. Por este motivo a escola tem um papel fundamental na desconstrução de preconceitos. 
O racismo é considerado por Gomes (2005, p.52) como um “comportamento, uma ação resultante da aversão, por vezes, do ódio, em relação a pessoas que possuem um pertencimento racial observável por meio de sinais, tais como: cor da pele, tipo de cabelo, etc.” A discriminação social está relacionada com o preconceito racial e o racismo, e pode ser entendida como uma “prática do racismo e efetivação do preconceito” (GOMES, 2005).


No Brasil, ser de determinado grupo étnico-racial não está limitado apenas as características físicas, mas sim também a uma escolha política, pois o que é valido é a autodeclaração (BRASIL, 2004). Senkevics, Machado e Oliveira (2016) ao analisar os dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicilio (Pnad)  há uma forte disparidade entre a população autodeclarada como negra e branca em variados indicieis educacionais.


Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília- DF. Out. 2004

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. Disponível em > http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/Alguns-termos-e-conceitos-presentes-no-debate-sobre-Rela%C3%A7%C3%B5es-Raciais-no-Brasil-uma-breve-discuss%C3%A3o.pdf

 NOGUEIRA, ORACY. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 19, n. 1 pp. 287-308


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