Ao falarmos e/ou
ouvirmos ao termo raça devemos ter
cuidado, pois esta é uma palavra que possui uma carga de complexidade histórica
e social. Deve-se estar atento ao sentido, significado e contexto em que ela é
usada. De acordo com Gomes ( 2005, p. 45) os movimentos negros e sociólogos não
empregam o termo dentro da ideia de raças superiores e inferiores, mas sim
dentro de uma dimensão social e política. Há também de se considerar que no
Brasil a discriminação racial e o racismo ocorre devido aos aspectos culturais,
mas também pelos aspectos físicos observáveis na estética corporal dos
indivíduos de determinado grupo étnico-racial.
Gomes ( 2005) faz a seguinte observação sobre o termo raça
“Os
militantes e intelectuais que adotam o termo raça não o adotam no sentido
biológico, pelo contrário, todos sabem e concordam com os atuais estudos da
genética de que não existem raças humanas. Na realidade eles trabalham o termo
raça atribuindo-lhe um significado político construído a partir da análise do
tipo de racismo que existe no contexto brasileiro e considerando as dimensões
histórica e cultural que este nos remete.” (GOMES, 2005, p. 47)
Etnia
é “usado para se referir ao pertencimento ancestral e étnico/racial dos negros
e outros grupos em nossa sociedade” (GOMES, 2005, p. 51). O termo que considero
mais adequado, e o qual utilizarei durante a escrita deste trabalho será grupos
étnico-raciais, por compreender que estes dois termos possuem significados
relevantes, se complementado e fundindo dentro do contexto social brasileiro.
Segundo Nogueira (2007, p.6) o preconceito
racial é entendido como
“ uma disposição (ou atitude)
desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma
população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja
devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece”.
O preconceito racial e
uma atitude que se se aprende socialmente, não se nasce preconceituoso, as
crianças aprendem a ser preconceituosas observando atitudes raciais dos adultos
(GOMES, 2005). Há de se considerar que uma criança vive em diversos ambientes,
família, vizinhança, igreja, círculo de amizades, e escola. Por este motivo a
escola tem um papel fundamental na desconstrução de preconceitos.
O racismo é considerado por Gomes (2005, p.52) como um “comportamento, uma ação
resultante da aversão, por vezes, do ódio, em relação a pessoas que possuem um
pertencimento racial observável por meio de sinais, tais como: cor da pele,
tipo de cabelo, etc.” A discriminação
social está relacionada com o preconceito racial e o racismo, e pode ser
entendida como uma “prática do racismo e efetivação do preconceito” (GOMES,
2005).
No Brasil, ser de
determinado grupo étnico-racial não está limitado apenas as características
físicas, mas sim também a uma escolha política, pois o que é valido é a autodeclaração (BRASIL, 2004). Senkevics,
Machado e Oliveira (2016) ao analisar os dados da Pesquisa Nacional por
Amostras de Domicilio (Pnad) há uma
forte disparidade entre a população autodeclarada como negra e branca em
variados indicieis educacionais.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da
Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Brasília- DF. Out. 2004
GOMES, Nilma Lino. Alguns
termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma
breve discussão. Disponível em > http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/Alguns-termos-e-conceitos-presentes-no-debate-sobre-Rela%C3%A7%C3%B5es-Raciais-no-Brasil-uma-breve-discuss%C3%A3o.pdf
NOGUEIRA, ORACY. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 19, n. 1 pp. 287-308
Nenhum comentário:
Postar um comentário