O gênero constitui a identidade do sujeito, portanto
as diferentes “instituições e práticas sociais são constituídas pelos gêneros,
e também, constituintes dos gêneros (LOURO, 1997, p.8) ”. É importante compreender que assim o gênero é
construído ao longo dos anos pelos sujeitos, e não é algo que possa ser dado
como inacabado. Louro (1997) ressalta a importância de não nos referirmos o conceito de gênero à construção de papeis
masculinos e femininos. Os papeis masculinos e femininos são padrões que a
sociedade estabelece para os seus membros.
Diante disto, e procurando incentivar a
desconstrução de padrões de gênero no
ano de 2015 realizei uma atividade com uma turma do 8º ano do Ensino Fundamental
II de uma escola da rede estadual do RS.
Em um primeiro momento com a turma,
conversamos sobre o conceito de gênero, e sobre como ele pode influenciar de
maneira positiva ou negativa na nossa sociedade. Dialogamos a respeitos de quais
características compõe determinado gênero, e se poderiam existir mais de um
gênero além do “feminino e o masculino”. A turma levantou algumas situações que
elas vivenciaram como, por exemplo: brinquedos de meninas vs meninos, atitudes,
comportamentos, o que esperamos das pessoas do gênero feminino/masculino. Os
estudantes relataram que as “coisas estão mudando”, e que temos que auxiliar
nesta mudança.
Após o dialogo, construímos um vídeo abordando as
questões de gênero e profissão.
Segundo Genro e Caregnato (s/d) a escola tem o
compromisso de desenvolver atividades que gerem debates e reflexões sobre a diversidade da sociedade, pois trabalha com
a formação do individuo para o convívio social. Eu valorizo muito as práticas
desenvolvidas dentro do espaço escolar, principalmente quando conta com
participação da comunidade escolar, que tem como objetivo a desconstrução de
estigmas, estereótipos e padrões pré-estabelecidos na sociedade. Acredito que
muitos atitudes preconceituosas poderiam
ser evitadas se os estudantes tivessem conhecimento das informações, pois eu
penso que a ignorância (ausência de informação) gera atitudes discriminatórias.
No dia 26/11/2017 participei de uma atividade de formação para professores sobre gênero no Planetário Professor José Baptista Pereira. A atividade foi organizada pelo projeto "Meninas na Ciência". Este projeto é desenvolvido dentro do Instituto de Física da UFRGS com o apoio do MCTI, CNPq, SPM-PR e a Petrobras. A professora Carolina Brito palestrou sobre a existência ou não de um viés de gênero para as profissões. Chamou a minha atenção que este é um assunto bem importante, porém pouco discutido nas nossas escolas. O vídeo que construímos em 2015 surgiu de um interesse dos estudantes que constantemente sofrem discriminações de gênero. Já está na hora de mudarmos isto, e está mudança só ocorrerá se fizermos este movimento de desconstrução com os pais, professores e equipe diretiva, para que assim possamos educar para e na diversidade.