sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ECOTerrenão - Aprendizagens em contato com a natureza

Colegas e professores,


compartilho com vocês um breve relado de uma das minhas últimas experiências. Recentemente eu fui convidada pela Bióloga Letícia Camacho Escobar para fazer parte da sua equipe em dois encontros com o mesmo objetivo, mas com públicos diferentes. O primeiro encontro envolveu duas turmas do 1º ano do Ensino Médio de uma rede de escolas particulares de Porto Alegre, e o segundo encontro foi realizado com três turmas do 3º ano dos anos iniciais.



Sobre o que era o encontro?

   
 O encontro foi para a realização de atividades práticas com os alunos no ECOTerrenão. O objetivo das práticas realizadas nestes dois encontros foi exercitar e motivar a sensibilização ambiental através do lúdico. O que move o projeto é o ideal de nova ordem de percepção estimula-resposta com o meio. Motivando o individuo a reflexão adotando outro posicionamento nas questões ambientais” (Frase citada pela bióloga Letícia Escobar).



"ECOTerrenão é um Centro de Estudos. Ele foi idealizado em 2013 e suas atividades iniciaram no ano de 2014. Localizado no município de Glorinha a uma hora de Porto Alegre com acesso pela BR 290 e RS 118 o Terrenão conta com uma área privada de 3,5 hectares e infraestrutura adequada para receber grupos de estudos/visitantes que buscam passar o dia ou pernoitar em área de camping. Anteriormente à implantação do Centro de Estudos a área era utilizada para pastoril e criação de bovinos. Atualmente mantém-se em monitoramento constante para que ocorra o processo de restauração ecológica. Dentre os esforços que permeia o processo de restaurar, objetiva-se alcançar um ou mais atributos valorizados de uma paisagem e/ou atingir uma condição muito próxima àquela antes da perturbação ambiental. Atualmente operam na área, profissionais Biólogos e estudantes de Ciências Biológicas, coordenados pela bióloga proprietária Letícia O. C. Escobar e a bióloga analista ambiental Aline Carvalho." - Texto retirado do site www.terrenao.com.br




Nestes dias fiquei responsável pelas atividades de observação e identificação de aves. Para fazer está atividade eu pude ter a honra e o prazer de estar acompanhada das acadêmicas do curso de Ciências Biológicas do IPA: Jusisiene Justo, Amanda Netto e Paula Marinho.





1º Encontro- Alunos do 1º ano do Ensino Médio
No dia 19 de novembro, nós primeiramente realizamos um momento de troca de informações referente as aves, e alguns esclarecimentos sobre como observar estes animais. Após realizamos um jogo de memória, onde os adolescentes deveriam relacionar o nome da espécie com a sua fotografia. Para auxiliá-los neste momento, confeccionamos um mural com todas as espécies de aves que já foram vistas no EcoTerrenão, que seriam as mesmas que eles encontrariam no jogo. Enquanto isto os alunos eram convidados para subir ao observatório aves para que pudessem viver a experiência de observar aves com o auxílio de binóculos.










2º Encontro – Alunos do 3º ano do Ensino Fundamental
No dia 24 de novembro foi a vez das crianças participarem da atividade. O início foi semelhante ao da semana anterior, porém o diferencial com os pequenos foi que além do jogo e da observação de aves, eles tiveram a oportunidade de pintar com tinta tempera as aves que são vistas no EcoTerrenão.









     Quando eu participo ou realizo saídas de estudos com os meus alunos, vejo a oportunidade que eles têm de colocar em prática o que foi construído dentro da instituição escolar. E eles conseguem  ir mais além e elaborar novos conhecimentos, pois em um ambiente livre e orientados por mediadores, penso que desta maneira eles tem a oportunidade de vivenciar os quatro conhecimentos necessários para uma aprendizagem efetiva. E o melhor eles aprendem brincando e interagindo entre os pares! Algo que já falamos aqui!






Maiores informações:  EcoTerrenão - https://www.facebook.com/ceffglorinha/?fref=ts


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Jogos, brincadeiras e atividades lúdicas

     Conforme Rangel (2008) existem quatro tipos de conhecimentos que devem ser trabalhados durante o processo de alfabetização, são eles: o social, o físico, o motor e lógico. Sendo assim, para cada conhecimento é preciso adotar estratégias diferentes. (Já fiz uma postagem sobre este assunto)

     Eu penso que a utilização de diferentes estratégias pedagógicas não precisa ficar restrita ao ato de alfabetizar, pois mesmo depois que uma criança é alfabetizada ela continua aprendendo através destes quatro tipos de conhecimentos. Uma metodologia pedagógica pode funcionar com o aluno X, mas não necessariamente com o aluno Y. Portanto, penso que seja essencial que os professores utilizem diferentes métodos dentro da sala de aula. 

Gostaria de dividir com vocês algumas atividades diferenciadas que realizei com as minhas turmas dos anos finais do ensino fundamental, dentro da disciplina de ciências.

1) Jogo sobre alguns conceitos que utilizamos em sala de aula – Jogo da memória construído pelos alunos do 7º ano com alguns conceitos de ciências/biologia.

2) Atividade de cadeia alimentar com massa de modelar – Atividade realizada pelos anos do 6º ano, onde eles construíram cadeia alimentares com massa de modelar.
Planta - Inseto - Sapo- Serpente - Gavião
3)A sala dos sentidos – Atividade organizada pelos alunos do 8º ano sobre os 5 sentidos. A turma aplicou práticas com as crianças do 1º ano do E.F.

     Recentemente nos assistimos o filme "Carambola: O Brincar está na escola" na interdisciplina de infâncias. A Maria Lucia Medeiros expôs no vídeo, que nós estamos treinados a acreditar que a concentração é sinônimo de quietude, e que só se aprenderá se estivermos concentrados e em silêncio. Contudo, a quietude não funciona para todas as crianças e adolescentes, pelo contrário o ato de conversar e interagir também estão relacionados com a aprendizagem. Desta maneira sempre que possível procuro realizar atividades que promovam a interação entre os pares, pois acredito que está é forma de troca de saberes e construção de aprendizagens. 



Referências:
RANGEL, Anna Maria Píffero. Alfabetizar aos seis anos. Editora Mediação. Porto Alegre, 2008.
Carambola: O Brincar está na escola”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_lQWGDV81Vs - Acessado em 03 dez. de 2015.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Alfabetização e Letramento


Segundo Soraes (1998) alfabetização e letramento têm significados bem diferentes.


Alfabetização é compreendida como "o ensino e o aprendizado de uma outra tecnologia de representação da linguagem humana, a escrita alfabético-ortográfica" (p. 24).

Letramento é “o conjunto de conhecimentos, atitudes e capacidades envolvidos no uso da língua em práticas sociais e necessários para uma participação ativa e competente na cultura escrita.” (p. 50).

Desta maneira nos podemos encontrar crianças alfabetizadas e não letradas ou crianças letradas mas não alfabetizadas


Como isso ocorre?

- Uma pessoa pode ser analfabeto (não saber ler e nem escrever), mas dita uma carta ou email para uma pessoa que sabe escrever. Solicita que alguém leia uma reportagem ou texto e consegue interpretá-lo. 


-Uma pessoa pode ser alfabetizada (saber ler e escrever), mas não consegue construir ou interpretar um texto. Além disso não tem hábito de ler revistas, jornais ou livros. 

O segundo caso é conhecido também como "analfabeto funcional". No ambiente escolar é comum encontrarmos pessoas que são alfabetizadas, porém não são letradas. Quando eu penso nas minhas turmas de 6º ano, eu vejo alguns alunos que sabem ler e escrever, mas possuem uma grande dificuldade de interpretar um texto, responder questões onde é necessário expor a opinião, ler reportagens de 2 páginas e construir  textos.  Eu concordo com a Magda Soares, quando ela afirma que é necessário alfabetizar letrando para que a criança perceba a importância da leitura. Ler é uma  maneira que temos de  aprender sempre. 

De modo geral, o que mais se vê é a preocupação de fazer os estudantes decodificarem a língua. E só. Muitas agem assim por acreditar que, num passe de mágica, todos se tornem capazes de compreender os textos de um livro de Ciências Naturais ou de descobrir o melhor jeito de localizar um endereço no mapa. "Isso é um erro", resume Magda Soares, professora da Faculdade de Educação e membro do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. "Não é porque os processos de alfabetização e de letramento são diferentes que devem ser sucessivos. O ideal é alfabetizar letrando."   (Trecho retirado da revista Nova Escola - Letramento de verdade)


Referências: 

SOARES, Magda Becker. Letramento, um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Editora Autêntica, 1998.


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Literatura Infantil Étnico-racial

As lendas de Dandara - Jarid Arraes 
Quanto a questão étnico-racial, percebe-se um aumento na produção de literatura infantil que aborda questões étnico-raciais. Segundo os autores Kirchof, Bonin e Silveira (2015), este fato acontece em decorrência do tema transversal “diversidade cultural", proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), assim como o sancionamento em 2013 da Lei 10.639, que institui a obrigatoriedade do ensino da cultura e história afro-brasileira e africanas. Posteriormente houve também a Lei 11.645/2008 que acrescenta o ensino e a história indígena. No  moodle nós compartilhamos algumas obras literárias que abordam a questão étnico-racial.  


O mundo começa na cabeça
- Prisca Agustini

Eu percebo em sala de aula e também no convívio com crianças em outros meios ( por exemplo a família), o quão importante é que a criança se identifique com um personagem. Eu acredito que isso estimula o protagonismo e empoderamento das nossas crianças.   Entretanto, são poucas animações (séries e longa metragens) que trazem como um personagem principal um negr@. Por este motivo eu gostaria de indicar algumas animações que trazem personagens negras no enredo central:



1) Cada um na sua casa - DreamWorks


2)Kiriku - Direção de Michel Ocelot


3) Doutora Brinquedos 



"Por que não existem princesas negras?Onde estão as princesas como eu?Dandara estava encucada. A resposta da mãe era complicada e a da vovó também não convencia.Em meio a tantas perguntas alguém apareceu… alguém que iria mudar para sempre o mundo da Dandara.Era uma menina diferente. Tinha cabelo curtinho, roupa com estampa colorida e lindas joias. Sua pele era marrom, um marrom escuro da cor do café, e seus olhos brilhantes como as pérolas negras do colar da bisa."


(Dandara e princesa perdida - Maíra Suertegary)



Referências Bibliográficas: KIRCHOF, Edgar; BONIN, Iara, SILVEIRA, Rosa Hessel. A diferença étnico-racial em livros brasileiros para crianças: análise de três tendências contemporâneas. Revista Eletrônica de Educação, v. 9, n. 2, p. 389-412, 2015.

Infância Soft

     Borges e Cunha (2015), explicam que existe uma infância soft que é constantemente estampada em rótulos de produtos de higiene, alimentação e nas mídias. São imagens que demonstram uma infância composta de bebês brancos, com "dobrinhas", com aparência limpa e bem cuidada, que transmitem um ar de alegria, inocência e pureza. Contudo, está representação é irreal, pois ela atinge uma minoria da nossa sociedade brasileira. Por exemplo,  a maioria da população do nosso país  não é composta de brancos. 
    Segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual da população brasileira branca é 47,51%, contudo somando os pardos, negros, amarelos e indígenas o percentual é de 52,47%. Isto sem considerar o número de pessoas que se declaram brancas, por uma questão de não-aceitação do quesito étnico-racial.

Tabela 01: Características gerais da população - População presente e residente, por cor ou raça

Período
Branca
Preta
Parda
Amarela
Indígena
2010
47,51%
7,52%
43,42%
1,1%
0,43%

Fonte:IBGE, Censo Demográfico. Dados extraídos de: Tendências demográficas: uma análise dos resultados da amostra do censo demográfico 2000.Rio de Janeiro: IBGE, 2004: pp 25/26, Gráfico 2 e Censo Demográfico 2010.

                                                     Um pouco da infância soft...

Lenços umedecidos
Fraldas da marca Pampers para todos os tamanhos




Assista o vídeo clip do rapper Carlos Eduardo que faz referência as crianças que são excluídas nos processos de adoção. 

Será que os futuros pais estão à procura de um bebê soft?

ReferênciasBORGES, Camila Bettim; CUNHA Susana Rangel Vieira da. Retratos de uma infância contemporânea: os bebês nos artefatos visuais.Textura, v. 17, n. 34, p. 99-111, 2015.