segunda-feira, 7 de maio de 2018

O que buscam os alunos da EJA?

      A atividade da interdisciplina Educação de Jovens e Adultos me fez refletir sobre "o que buscam os alunos da EJA?" essa reflexão vem de encontro com o fato da minha tia-avó (65 anos) ter retornado a escola esse ano. Ela é um pouco diferente da grande maioria dos estudantes adultos que são migrante das áreas rurais empobrecidas que chega às grandes metrópoles, trabalhador em ocupações de baixa qualificação profissional e remuneração (OLIVEIRA, 1999), pois a Maria* embora tenha migrado do interior para a capital de Porto Alegre, trabalhou em ateliês famosos, recebendo consequentemente um salário razoável, mas que provavelmente se tivesse a educação básica concluída seria maior. 
      A associação das leituras com a história da minha tia-avó vai de encontro com a necessidade que os estudantes da EJA têm de se adequar a escola, sendo que essa não tem como público original adultos e jovens (OLIVEIRA, 1999), tendo como consequência currículo, métodos e programa que não dialogam com o seu público.  Maria* solicitou em alguns momento  ajuda a sua família, pois não estava compreendendo como "funcionava algumas coisas na escola". A solicitação de trabalhos de pesquisa em livros, biblioteca e internet, com “normas” estabelecidas pela professora não fazia sentido para ela. 
      Paulo Freire compreende o ser humano como um ser histórico, social e incompleto. A partir dessa perspectiva as autoras Gomes e Vargas (2013)  reconhecem que o estudante jovens e adultos possuem diversos conhecimentos  e experiências acumuladas ao longo da vida, mas que necessitam das instituições escolares para desenvolver o cognitivo, afetivo, moral e todas as suas potencialidades.  Entretanto para que isso aconteça, e os jovens e adultos não desistam da escola, é importante o enriquecimento e adaptações das propostas curriculares, assim como a formação continua dos professores e gestores. A minha tia-avó procurou a EJA por desejo pessoal de aprender mais, pois nesse momento ela se encontra aposentada, mas ao esbarrar na burocracia das escolas se sentiu extramente desmotivada e deslocada,mas ela ainda não desistiu. Entretanto, estou ciente que esse é apenas um retrato e não reflete as inumas realidadeS (no plural) que existe na nossa sociedade. Acredito que diariamente muitos jovens e adultos desistem de frequentar as escolas, pois essas não estão adaptadas para trabalhar diante da pluralidade. 





REFERÊNCIAS:

 OLIVEIRA, Marta Khol. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Arquivo in: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO Set/Out/Nov/Dez 1999 n.º 12. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1999.



VARGAS, Patrícia Guimarães; GOMES, Maria de Fátima Cardoso. Aprendizagem e desenvolvimento de jovens e adultos: novas práticas sociais, novos sentidos. Arquivo in: Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 39, n. 2, p. 449-463, abr./jun. 2013.

Centro de Interesse

    Nossa última atividade da interdisciplina de didática foi referente a um método globalizado chamado "Centros de Interesse". A atividade foi em grupo, e nós precisavamos elaborar um projeto dentro dos pressuposto da metodologia criada pelo Ovide Decroly (1871 - 1932).
      Esse método parte de situações ou temas que interessa aos estudantes, e sobretudo busca satisfazer as suas próprias necessidades naturais que implicam no conhecimento do meio e das formas de reagir a ele. Portanto, é um método que é constituído não somente pelo estudante, mas também pela família, escola, sociedade, seres vivos e não vivos, e o universo. Nessa proposta para cada centro de interesse ocorrem três etapas observação pessoal e direta, associação no espaço e tempo, e expressão.


Compartilho com vocês a proposta da nossa atividade construída em grupo:



TEMA : A vida de Van Gogh.
PROFESSORAS:  Kênia, Lêda, Iasmim, Jaqueline e Simone  Pellenz.
SÉRIE: 5º ano
Áreas do Conhecimento: Artes, História e Língua Portuguesa.

Nossa proposta parte do interesse da turma pelas obras de Van Gogh, e tem como objetivo de despertar nos alunos a relação com seu cotidiano proporcionando assim um reflexão sobre o mesmo.  Vincent Van Gogh (1953-1890) foi um pintor holandês considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental. Ele criou mais de dois mil trabalhos. Suas obras abrangem paisagens, naturezas mortas, retratos e auto retratos caracterizados por cores dramáticas e vibrantes, além de pinceladas impulsivas e expressivas que contribuíram para as fundações da arte moderna (WIKIPÉDIA).

       Objetivos por áreas de conhecimento:

História:
- Reconhecer-se como indivíduo.
- Identificar seu núcleo familiar, hábitos, costumes, comunidade.
- Comparar estes hábitos e costumes com os dos colegas.
- Refletir sobre formas de manter ou modificar estes hábitos e costumes, de acordo com suas necessidades e vontades.

 Artes:
- Apreciar obras de arte, descrevendo o que vê e o que sente.
- Analisar e estabelecer relações entre o título da obra com a obra em si.
- Perceber os elementos ( as cores, linhas, textura) que compõem a obra e  examinar o direcionamento da luz utilizada pelo pintor.

Língua Portuguesa:
- Criar uma peça teatral (com roteiro) ou uma música com base em uma das obras.

2)      Desenvolvimento:
Com o intuito de contemplar as três fases para o desenvolvimento de um Centro de Interesse (observação - direta e indireta -, associação e expressão, propomos os seguintes passos:

A primeira fase de um Centro de Interesse é a OBSERVAÇÃO, por este motivo propomos a apresentação da biografia e obras de Van Gogh através de filmes, fotos, livros, etc. As obras que pensamos estarem mais de acordo com a proposta são:
A noite estrelada (1889)
O quarto (1888)
Os comedores de batata (1885)
A casa amarela (1888)
Auto-retrato (1889)
O homem velho com a cabeça em suas mãos (1890)
A igreja e Auvers (1890)

A seleção foi feita a partir do pressuposto de que as cenas destes quadros remetem ao cotidiano de nossos alunos. No entanto, nada impede que, no desenvolvimento da atividade, outras obras sejam mostradas. A partir da observação destas obras, além dos aspectos estéticos, será proposto a observação dos alunos de seu próprio cotidiano, possibilitando a ASSOCIAÇÃO entre as diferentes realidades (a do aluno, de seus colegas e a retratada por Van Gogh). 
A fase de EXPRESSÃO, permeará a proposta em tempo integral, proporcionando aos alunos expressarem-se oralmente, através de desenhos, pinturas, teatros, músicas, danças, entre outros. 



Referências:
ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: ARTMED Editora. 2002. 

Avaliando @ Colega

     Essa semana foi proposto pelo seminário integrador que nós avaliássemos o texto de dois colegas a respeito da atividade "Como é essa escola". Eu considero essa prática muito interessante, pois tira do professor o papel de avaliador e o compartilha com os colegas. Coincidentemente há duas semanas comecei uma sessão de "Seminário de Ciências" com a minha turma de 7º ano. Dividi a turma em grupos de até 4 integrantes e solicitei que eles pesquisassem a respeito de doenças causadas por vírus, bactérias e protozoários. 
      Durante as próximas cinco semanas  iniciaremos o aula com uma apresentação.O diferencial foi o modo de avaliação, combinei que iria avaliar uma parte, mas a turma iria avaliar também, organizei uma ficha com três sugestões de itens que deveriam ser avaliados, e assim como a professora Simone fez, eu solicitei que eles justificassem a sua avaliação. O seminário tem sido super bacana, mas a avaliação tem sido melhor do que o esperado, pois os estudantes ficam atentos durante as apresentações dos colegas, estão exercendo a sua criticidade, assim como a empatia. Escutei em alguns momentos de um grupo "Ah, mas é difícil falar em público, eu também tenho dificuldade".