segunda-feira, 18 de junho de 2018

Temas Geradores


Trabalhar com temas geradores implica, necessariamente desenvolver uma metodologia que onde há dialogicidade, e tomada de consciência dos indivíduos.  Desenvolver essa metodologia envolve a superação do conhecimento disciplinar fragmentado. O tema gerador possui a capacidade de impulsionar a troca de saberes, e valorização e respeito as diferenças de cada sujeito.

Eu acredito que trabalhar a partir de um tema gerador é proporcionar ao estudante uma aprendizagem a respeito de algo que já tem construído, mas que pode ser reconstruído e ampliado. É atribuir um sentido, uma explicação, para aquele conhecimento pré-concebido.


Educação libertadora se constrói a partir do diálogo entre educadores e educando, onde todos os saberes são valorizados, em uma relação horizontal. Nessa vídeo podemos observar uma sala de aula de EJA,  onde a educadora desenvolve sua aula a partir da palavra-geradora BARRACO. 


A professora apresenta a palavra juntamente com uma imagem, e conversa com os educandos sobre o que aquela palavra remete a eles. Em seguida surge questões como aluguel, casa própria, e a sobrevivência. É interessante como a turma troca ideias sobre a importância da moradia, em um movimento de troca de ideias e politização.  A seguir a turma segue conversando sobre a grafia da palavra. Paulo Freire sempre considerou a educação um ato político, uma ferramente para transformar a sociedade. 


Avaliação

 De acordo com Luckesi  (2000, p. 11) “A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não voltada para a seleção de uns poucos, como se comportam os exames”. Para Alvarez Mendes (2002) a avaliação é uma oportunidade do aluno demonstrar o que sabe e como sabe. Quando o professor tem consciência de como o aluno está construindo o seu conhecimento, ele é capaz de intervir nesse processo, para reorientá-lo, estimulá-lo, corrigi-lo e acima de tudo valorizá-lo. Contudo, a avaliação ainda é vista como uma atividade isolada, a fim de verificar o quanto o aluno sabe daquele determinado assunto,  atribuindo notas. As notas, por sua vez, são utilizadas para somar em um escore total no final do ano letivo, classificando os alunos como “aprovados” ou “reprovados”.Cultura avaliativa é concebida como fim, e não como um meio para analisar o processo de aprendizagem.
      Em sua maioria as escolas utilizam a avaliação de maneira classificatória, que se distanciou da sua função essencial que seria a diagnóstica ( FERREIRA, 2002). Loch (2014, pg. 133), explica que a avaliação deve ser “continua, participativa, diagnóstica e investigava”. Ao refletir sobre a minha prática avaliativa com os meus alunos, percebo na minha escola que a avaliação ocorre diariamente e continuamente ao longo do ano. Normalmente, eu utilizo diversos instrumentos avaliativos, e sempre procuro revisar o conteúdo da aula na passada antes de iniciar a aula. Porém, a cada trimestre a avaliação do aluno é transformada em valores numéricos, e o próprio "sistema"  me pressiona a aprovar ou reprovar determinado aluno.  Gostaria que isso fosse diferente, ou seja, que o final do ano não significasse o "final da linha", e sim uma oportunidade de continuar sem ser classificado como "reprovado" ou "aprovado".  

Refletindo sobre a EJA

      A atividade de encerramento da interdisciplina "Educação de Jovens e Adultos no Brasil" solicitou que realizássemos observações ou entrevistas com alunos / ex- alunos / futuros alunos desta modalidade. Essa atividade foi realizada em grupo, optamos por visitar a  Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Judith Macedo de Araújo, localizada na periferia de Porto Alegre.  Essa escola possui 180 alunos matriculados na EJA, e proporciona a comunidade escolar as T1, T2, T3. 
         Atualmente há a união da T1, T2.  Quanto a esse fato percebe-se o descaso político que a EJA recebe do município de Porto Alegre. Infelizmente é comum a união de turmas de EJA para que se alcance o número mínimo de alunos por turma, contudo isso pode prejudicar o progresso  individual dos estudantes que compõe a turma, assim como demandar mais atividades a professora responsável. A professora deverá realizar planejamentos distintos para os estudantes das respectivas totalidades.




Um outro ponto que chamou a nossa atenção foi o vinculo afetivo entre a professora e os estudantes.A partir das observações foi possível notar a presença do vínculo afetivo da professora com a turma.  Lopes (1991, p. 46) destaca que “as virtudes do professor que consegue estabelecer laços afetivos com seus alunos repetem-se e intrincam-se na forma como ele trata o conteúdo e nas habilidades de ensino que desenvolve”.

Referências:
LOPES, Antonia (et al). Repensando a Didática. São Paulo: Papirus, 1991.

Comênio e a Didática Magna


     Comênio nasceu em 1592 na República Chega, foi pastor da igreja protestante, educador, cientista e escritor. É intitulado o pai da didática, pois escreveu o livro Didáctica Magna, considerado um marco significativo no processo de sistematização da didática.
           Comênio  buscava através da “didática magna” alguns objetivos que considero relevantes, faço destaque para seguintes considerações:


·         Educação é um direito universal, portanto todos os sujeitos independentes sexo, credo ou nacionalidade. Considerei essa questão da educação independente do sexo algo extremamente revolucionário, pois sabemos que até poucos anos atrás algumas culturas excluíam as mulheres da educação.
·         O objetivo do Comênio através da Didática Magna era “ investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atractivo e mais sólido progresso”, nota-se a preocupação e o desejo que os estudantes rendam de maneira produtiva, não se sintam entediados, e sim atraídos pelo processo de aprender.
·         “E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros”, o autor busca através da metodologia adequada o prazer e alegria dos professores e dos estudantes no processo de ensino de aprendizagem.




O livro “Orbis Pictus”, com data da primeira publicação em 1658, é extramente semelhante aos materiais que encontramos em algumas salas de alfabetização após 360 anos! Esse fato me faz refletir se metodologia é extremamente eficaz ou se não atualizamos os nossos recursos didático-pedagógicos há mais de 300 anos.



Fonte:
COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p.

Inquiry Based Science Education (ISBE)


Recentemente eu li um artigo intitulado  “Construção coletiva de conhecimentos na pesquisa em educação nas ciências”[1] de autoria da Drª Neusa Maria John Schei. O referido artigo apresenta uma metodologia, a Inquiry Based Science Education (ISBE), como possibilidade para a construção coletiva de conhecimentos na área da educação em ciências. Essa metodologia utiliza a contribuição dos recursos das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDICs) para formação de cidadãos críticos e ativos. 

A estrutura da ISBE baseia-se na metodologia construtivista de Rodger Bybee (2006), e constitui-se de 5 etapas: envolvimento, exploração, explicação, ampliação e avaliação.  O Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, a fim de enriquecer mais ainda a metodologia, acrescentou mais duas etapas: partilha e desenvolvimento. Cada uma dessas etapas apresenta a capacidade de envolver os estudantes em pesquisas cientificas, favorecendo a autonomia e a responsabilidade.  As TDICs estão fortemente presentes em cada uma das etapas, não de uma maneira estática, mas sim com a possibilidade de auxiliar na criação, assim como na interação entre os estudantes e professores.
Por ser uma metodologia construtivista, ao ler o artigo me recordei dos "Projetos de Aprendizagem", pois estes também são elaborados a partir das curiosidades dos estudantes. Outra semelhança é que os estudantes possuem papeis ativos no processo de construção do seu conhecimento, e os professores agem mediadores, auxiliando-os. Compartilho abaixo um vídeo bem interessante sobre a metodologia, e no final da postagem o link do artigo. 


[1] SCHEID, Neusa Maria John. Construção coletiva de conhecimentos na pesquisa em educação nas ciências. Revista Pesquisa Qualitativa, v. 5, n. 9, p. 452-465, 2017. Disponível em < http://rpq.revista.sepq.org.br/index.php/rpq/article/view/141/94>


segunda-feira, 4 de junho de 2018

       Gostaria de compartilhar um breve relato sobre o ano que fui convidada a acompanhar uma turma composta por crianças de 1 ano e 4 meses a 2 anos. Nesse ano enfrentei diversos desafios com relação à comunicação, pois não estava acostumada a trabalhar com bebês. 
         A turma dos bebês era constituída por 10 crianças onde apenas uma possuía uma linguagem mais desenvolvida, o restante da turma apenas balbuciava algumas silabas. Após a superação dos obstáculos, no findar do ano letivo, era possível notar um avanço considerável na turma a respeito da linguagem. Essa turma também realizava as mesmas atividades descritas acima, contudo a maior evolução perceptível foi com relação a “roda”. No início do ano, as crianças não sentavam na roda, e pouco interagia com os colegas e as professoras, porém a partir do segundo semestre foi possível perceber que a roda já fazia sentido para eles. A “recontação” de histórias (eles próprios contarem as as histórias dentro dos seus limites) só foi possível nos últimos meses do ano.
Para Vygostky a linguagem e o pensamento são funções superiores do homem que se desenvolvem na sua relação com o meio sociocultural, sendo essa relação mediada por signos. Os signos e os sistemas de signos têm origem social e foram elaborados ao longa da história da sociedade. Na opinião de Jean Piaget os fatores sociais e culturais são aqueles que promovem o desenvolvimento do pensamento e da linguagem. Corroborando com suas ideias, Vygostsky afirma que “o crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais, isto é, da linguagem” (VYGOTSKY, 1991, p. 44 apud MONTOYA, 2006). Portanto, a partir das ideias destes estudiosos do desenvolvimento da linguagem nota-se a importância do fator social para o progresso da linguagem. Sendo assim, as atividades descritas acima, roda, leitura estimulam o desenvolvimento da linguagem e a troca em seus pares e também entre os professores. 



Referências:

MONTOYA, Adrián Oscar Dongo. Pensamento e linguagem: percursos piagetianos de investigação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n.1, p.119-127. Jan./Abr. 2006.
VÍDEOS disponibilizados na interdisciplinar de “Linguagem  e Educação”

segunda-feira, 7 de maio de 2018

O que buscam os alunos da EJA?

      A atividade da interdisciplina Educação de Jovens e Adultos me fez refletir sobre "o que buscam os alunos da EJA?" essa reflexão vem de encontro com o fato da minha tia-avó (65 anos) ter retornado a escola esse ano. Ela é um pouco diferente da grande maioria dos estudantes adultos que são migrante das áreas rurais empobrecidas que chega às grandes metrópoles, trabalhador em ocupações de baixa qualificação profissional e remuneração (OLIVEIRA, 1999), pois a Maria* embora tenha migrado do interior para a capital de Porto Alegre, trabalhou em ateliês famosos, recebendo consequentemente um salário razoável, mas que provavelmente se tivesse a educação básica concluída seria maior. 
      A associação das leituras com a história da minha tia-avó vai de encontro com a necessidade que os estudantes da EJA têm de se adequar a escola, sendo que essa não tem como público original adultos e jovens (OLIVEIRA, 1999), tendo como consequência currículo, métodos e programa que não dialogam com o seu público.  Maria* solicitou em alguns momento  ajuda a sua família, pois não estava compreendendo como "funcionava algumas coisas na escola". A solicitação de trabalhos de pesquisa em livros, biblioteca e internet, com “normas” estabelecidas pela professora não fazia sentido para ela. 
      Paulo Freire compreende o ser humano como um ser histórico, social e incompleto. A partir dessa perspectiva as autoras Gomes e Vargas (2013)  reconhecem que o estudante jovens e adultos possuem diversos conhecimentos  e experiências acumuladas ao longo da vida, mas que necessitam das instituições escolares para desenvolver o cognitivo, afetivo, moral e todas as suas potencialidades.  Entretanto para que isso aconteça, e os jovens e adultos não desistam da escola, é importante o enriquecimento e adaptações das propostas curriculares, assim como a formação continua dos professores e gestores. A minha tia-avó procurou a EJA por desejo pessoal de aprender mais, pois nesse momento ela se encontra aposentada, mas ao esbarrar na burocracia das escolas se sentiu extramente desmotivada e deslocada,mas ela ainda não desistiu. Entretanto, estou ciente que esse é apenas um retrato e não reflete as inumas realidadeS (no plural) que existe na nossa sociedade. Acredito que diariamente muitos jovens e adultos desistem de frequentar as escolas, pois essas não estão adaptadas para trabalhar diante da pluralidade. 





REFERÊNCIAS:

 OLIVEIRA, Marta Khol. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Arquivo in: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO Set/Out/Nov/Dez 1999 n.º 12. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro de 1999.



VARGAS, Patrícia Guimarães; GOMES, Maria de Fátima Cardoso. Aprendizagem e desenvolvimento de jovens e adultos: novas práticas sociais, novos sentidos. Arquivo in: Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 39, n. 2, p. 449-463, abr./jun. 2013.

Centro de Interesse

    Nossa última atividade da interdisciplina de didática foi referente a um método globalizado chamado "Centros de Interesse". A atividade foi em grupo, e nós precisavamos elaborar um projeto dentro dos pressuposto da metodologia criada pelo Ovide Decroly (1871 - 1932).
      Esse método parte de situações ou temas que interessa aos estudantes, e sobretudo busca satisfazer as suas próprias necessidades naturais que implicam no conhecimento do meio e das formas de reagir a ele. Portanto, é um método que é constituído não somente pelo estudante, mas também pela família, escola, sociedade, seres vivos e não vivos, e o universo. Nessa proposta para cada centro de interesse ocorrem três etapas observação pessoal e direta, associação no espaço e tempo, e expressão.


Compartilho com vocês a proposta da nossa atividade construída em grupo:



TEMA : A vida de Van Gogh.
PROFESSORAS:  Kênia, Lêda, Iasmim, Jaqueline e Simone  Pellenz.
SÉRIE: 5º ano
Áreas do Conhecimento: Artes, História e Língua Portuguesa.

Nossa proposta parte do interesse da turma pelas obras de Van Gogh, e tem como objetivo de despertar nos alunos a relação com seu cotidiano proporcionando assim um reflexão sobre o mesmo.  Vincent Van Gogh (1953-1890) foi um pintor holandês considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental. Ele criou mais de dois mil trabalhos. Suas obras abrangem paisagens, naturezas mortas, retratos e auto retratos caracterizados por cores dramáticas e vibrantes, além de pinceladas impulsivas e expressivas que contribuíram para as fundações da arte moderna (WIKIPÉDIA).

       Objetivos por áreas de conhecimento:

História:
- Reconhecer-se como indivíduo.
- Identificar seu núcleo familiar, hábitos, costumes, comunidade.
- Comparar estes hábitos e costumes com os dos colegas.
- Refletir sobre formas de manter ou modificar estes hábitos e costumes, de acordo com suas necessidades e vontades.

 Artes:
- Apreciar obras de arte, descrevendo o que vê e o que sente.
- Analisar e estabelecer relações entre o título da obra com a obra em si.
- Perceber os elementos ( as cores, linhas, textura) que compõem a obra e  examinar o direcionamento da luz utilizada pelo pintor.

Língua Portuguesa:
- Criar uma peça teatral (com roteiro) ou uma música com base em uma das obras.

2)      Desenvolvimento:
Com o intuito de contemplar as três fases para o desenvolvimento de um Centro de Interesse (observação - direta e indireta -, associação e expressão, propomos os seguintes passos:

A primeira fase de um Centro de Interesse é a OBSERVAÇÃO, por este motivo propomos a apresentação da biografia e obras de Van Gogh através de filmes, fotos, livros, etc. As obras que pensamos estarem mais de acordo com a proposta são:
A noite estrelada (1889)
O quarto (1888)
Os comedores de batata (1885)
A casa amarela (1888)
Auto-retrato (1889)
O homem velho com a cabeça em suas mãos (1890)
A igreja e Auvers (1890)

A seleção foi feita a partir do pressuposto de que as cenas destes quadros remetem ao cotidiano de nossos alunos. No entanto, nada impede que, no desenvolvimento da atividade, outras obras sejam mostradas. A partir da observação destas obras, além dos aspectos estéticos, será proposto a observação dos alunos de seu próprio cotidiano, possibilitando a ASSOCIAÇÃO entre as diferentes realidades (a do aluno, de seus colegas e a retratada por Van Gogh). 
A fase de EXPRESSÃO, permeará a proposta em tempo integral, proporcionando aos alunos expressarem-se oralmente, através de desenhos, pinturas, teatros, músicas, danças, entre outros. 



Referências:
ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: ARTMED Editora. 2002. 

Avaliando @ Colega

     Essa semana foi proposto pelo seminário integrador que nós avaliássemos o texto de dois colegas a respeito da atividade "Como é essa escola". Eu considero essa prática muito interessante, pois tira do professor o papel de avaliador e o compartilha com os colegas. Coincidentemente há duas semanas comecei uma sessão de "Seminário de Ciências" com a minha turma de 7º ano. Dividi a turma em grupos de até 4 integrantes e solicitei que eles pesquisassem a respeito de doenças causadas por vírus, bactérias e protozoários. 
      Durante as próximas cinco semanas  iniciaremos o aula com uma apresentação.O diferencial foi o modo de avaliação, combinei que iria avaliar uma parte, mas a turma iria avaliar também, organizei uma ficha com três sugestões de itens que deveriam ser avaliados, e assim como a professora Simone fez, eu solicitei que eles justificassem a sua avaliação. O seminário tem sido super bacana, mas a avaliação tem sido melhor do que o esperado, pois os estudantes ficam atentos durante as apresentações dos colegas, estão exercendo a sua criticidade, assim como a empatia. Escutei em alguns momentos de um grupo "Ah, mas é difícil falar em público, eu também tenho dificuldade". 


segunda-feira, 30 de abril de 2018

Inovação Pedagógica

      A  busca pela inovação pedagógica não é um processo trivial, pois requer uma ruptura que permita reconfigurar o conhecimento além  das regularidades propostas, significa romper com o pragmatismo, ou seja, romper com o que está pré-estabelecido porque é prático, usual e já se tornou costumeiro. Porém, não é romper definitivamente com o passado, mas sim olhar o passado com “novos olhares” (CUNHA, 2004).

     Paulo Freire (2002 ) em a pedagogia da autonomia explica que ensinar exige risco, aceitação do novo e a rejeição de qualquer forma de discriminação. Existe em nosso meio pedagógico a discriminação temporal ou cronológica, segundo Freire (2002) a  “aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico. O velho que preserva sua validade ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo (FREIRE, 2002)”. 

    Inovação pedagógica é a inclusão de novidades. Esse é um processo humano, resultado da ação humana sobre o ambiente social, e exige a reconfiguração do saber. Contudo, como já afirmado, esse não é um processo fácil, pois esbarramos em alguns obstáculos como a burocracia, disponibilidade de tempo, interesse e a própria formação de professores. As inovações pedagógicas não está relacionadas somente a tecnologias, mas sim com a ação docente em sala de aula. É necessário não só acrescentar novas tecnologias, mas também modificar os modelos pedagógicos!  
    Já há algumas aulas temos conversado sobre a inserção da tecnologia nas salas de aula e como influenciou e ainda influencia na desconstrução de modelo tradicional de aprendizagem. Hoje, por exemplo, os nossos alunos estão em sala de aula com smartphone que tem acesso a internet e uma quantidade infinita de informações. Portanto, não podemos reduzir o nosso papel apenas "transmissor" de informações, pois eles já tem acesso a elas na palma de suas mãos. 






Referência:

CUNHA,   Maria   Isabel   da. Inovações pedagógicas e a reconfiguração de saberes no ensinar e no aprender na universidade. VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Centro de Estudos Sociais, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, Portugal, 16 a 18 de setembro de 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 2002

O que o Jovem gosta de ler?

Recentemente participei de um Seminário que contou com a presença da Regina (verificar grafia do sobrenome). Ela apresentou algumas informações sobre o hábito de ler nos jovens. Compartilho abaixo algumas ideias que consegui captar da sua fala:


  • O livro Juvenil tem criar um elo de ligação com o leitor jovem, portanto a história tem que proporcionar uma identificação no jovem.
  • Existem escritos que escrevem somente para o público jovem, e dessa maneira são reconhecidos por esse grupo. Exemplos: Thalita Rebouças e Kéfera
  • Existem autores que iniciaram suas carreiras na Web, e após publicaram livros, atraindo assim os jovens que são frequentadores da Web para o "mundo dos livros". Exemplo: Kéfera e Felipe Neto
  • Normalmente esses autores não ganham prêmios grandiosos, pois os críticos da literatura não são dessa faixa etária, e portanto não avaliam esses livros. Contudo, às vezes esses livros são justamente os mais vendidos nas livraria.
  • Existe um fenômeno que faz que um(a) publique um livro, mas se esse não publicar livros em sequência tão bons quanto os primeiros, ele acaba caindo no esquecimento. O pública modifica-se com o passar dos anos, e a próxima geração não necessariamente "compra essa ideia. Exemplo: Stephenie Meyer e Philip Pullman.
  • Os autores que não conseguem publicar novos livros, tendem a ficar "reciclando" os antigos livros. Exemplo: Harry Potter.
  • Os gêneros que os jovens mais gostam de ler são crônicas (exemplo Thalita Rebouças), romance adolescente/jovem que pode possui algumas características de fantasia, conto de fadas, e o fantástico ( exemplo Harry Potter, Parcy Jackson).
  • As editoras traçam um perfil para esses jovens
  • Há estratégia para não revolver totalmente história, gerando assim sequências.
  • Existe uma ascensão das personagens femininas nos livros, atualmente elas são vistas como heroínas, empoderadas, determinadas, inteligentes e líderes. 

domingo, 1 de abril de 2018

Linha História da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

A interdisciplina "Educação de Jovens e Adultos no Brasil"  solicitou que construíssemos uma linha do tempo da história da EJA . Inspirada pela linha do tempo realizada na interdisciplina de "Educação e Tecnologias da Comunicação e Informação" consultei com o meu grupo sobre o que elas achavam de utilizarmos outras ferramentas. Feito as combinações, eu parti em busca de ferramentas e websites para a construção da "Linha do Tempo", encontrei algumas, mas a que achei mais fácil de manusear é a do TIMEGRAPHICS.

A partir da construção da linha histórica compreendi que educação de Jovens e Adultos sempre foi um desafio para o nosso país, quando em  1958 até 1964 demonstrava-se avanços, o processo foi estagnado e regredido pelo Golpe Militar. "O Golpe Militar de 1964 produziu uma ruptura política em função da qual os movimentos de educação e cultura populares foram reprimidos, seus dirigentes, perseguidos, seus ideais, censurados. O Programa Nacional de Alfabetização foi interrompido e desmantelado, seus dirigentes, presos e os materiais apreendidos." (HADDAD; DI PIERRO, 2000, p. 113 apud VIEGAS; MORAES, 2017). 

Estudar história é importante, principalmente para não cometermos os mesmos erros!




Timeline

Referências:

FRIEDRICH, Márcia et al . Trajetória da escolarização de jovens e adultos no Brasil: de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziadas. Ensaio: aval.pol.públ.Educ.,  Rio de Janeiro ,  v. 18, n. 67, p. 389-410,  June  2010 .

VIEGAS, Ana Cristina Coutinho. MORAES, Maria Cecília Sousa. Um convite ao retorno: relevâncias no histórico da EJA no Brasil. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação. v. 12, n. 01, jan-mar (2017)

A Escola Ideal

No encontro presencial da  interdisciplina "Didática, Planejamento e Avaliação" , ministrada pela professora Simone Bicca, fizemos uma atividade a partir de uma história onde extraterrestres nos convidavam para ir em seus planetas e montar uma escola a partir das nossas ideologias. Eu considerei a atividade interessante, e realizei a mesma proposta com os meus alunos do 8º ano do Ensino Fundamental  da Rede Estadual de Educação.  A atividade foi realizada em grupos onde eles dispunham de alguns materiais para construir a escola ideal como folha de ofício, papel cartaz, canetas hidrocor, lápis e régua. Expliquei que eles deveriam pensar na estrutura física, nas disciplinas, regras e valores que a escola deveria adotar. Compartilho com vocês dois resultados:

GRUPO 1: ESCOLA STELAR
Este grupo deu andamento a história lida antes da atividade que propunha a construção de uma escola em outro planeta, portanto, construíram a escola no Planeta Tamaran, com muita criatividade criaram um endereço e coordenadas.  O grupo optou por uma escola com funcionamento nos três turnos.  De acordo com o grupo, a modalidade de ensino seria a partir de matérias/disciplinas : matemática, química, física e ciências. Os estudantes da escola Stelar poderiam optar pela realização de oficinas de música, informática culinária, robótica e mecânica. O ensino de linguagens contaria com as opções de Tamarãriano (língua oficial do planeta), inglês, português. coreano e Japonês. Acredito que a opção pela língua coreana e japonesa se deu devido ao fato que esse grupo de estudantes tem forte ligação com a cultura oriental, gostam de assistir animes, ler mangás e séries coreanas.

As "regras" da escola seriam: 
"usar roupas apropriadas;
 não desrespeitar os professores;
 é inaceitável o bullying;
 não pode faltar as aulas;
é permitido usar o celular, mas com moderação."


Esta imagem ao lado demonstra a faixada da escola. Nota-se que há um observatório astronômico na escola.


































O grupo representou detalhadamente a estrutura inteira da escola Stelar com  "sala de química", "sala de informática", "depósito", "banheiro feminino/masculino", "cozinha", "sala dos professores", "diretoria", "vestiário", "deposito" e uma "creche". 



 Na imagem abaixo é possível observar o/a: "planetário", "sala de linguagens", "biblioteca", "sala de telestransporte", "refeitório" e uma "sala comum".


 A área externa seria composta por: "armazém", "cúpula da horta", "sala de realidade virtual", "quadra de futebol e basquete", "sala do observatório astronômico" e "pista de corrida"



GRUPO 2: "E.E.E.F SANVILAS"

Este grupo optou por uma representação mais simples de uma escola ideal. De acordo com eles, a escola ideal seria composta de "quadra de futebol/utilizada para correr também", "quadra de volei", "quadra de karatê", "sala de professores", "secretaria", e "sala de computadores. Este trabalho chamou a minha atenção, pois as cadeiras estão dispostas em fileiras (algo que não acontece na sala real dos estudantes), e há um horário com a disciplinas que serão estudadas durante a semana. Quando perguntei ao grupo o porquê de existir "períodos vagos" e a ausência da disciplina de português. Ele respondeu " Ah, os professores sempre faltam, eles não são de ferro e ficam doentes. E português não tem porque não é importante".

A escola em que leciono, como a maior parte da escolas da rede estadual, sofre constantemente com a falta de professores. Hoje iniciamos o mês de abril e eles ainda não tiveram uma aula única de português.


A partir desta atividade realizada com a turma é possível observar que alguns grupos optaram por realizar escolas com características "interplanetárias", e outros com características mais "terráqueas". Contudo, ambas possuem em sua maioria atributos que podemos encontrar em escolas existentes, como bibliotecas, laboratório de informática, quadra de esporte, horta e sala temáticas. Entretanto, há também particularidades fortemente ligadas com a tecnologia, por exemplo, a sala de realidade virtual, observatório astronômico e planetário.
A totalidade dos desenhos realizados pela turma reflete a realidade da escola brasileira: ausência de professores, sucateamento com a escola pública. Recursos e estruturas básicas, como um laboratório de informática, biblioteca e quadra de esportes entram para a lista de "desejos", pois não fazem parte da escola pública real. 

domingo, 18 de março de 2018

Linguagem e Educação

      Na segunda-feira (12/03/17) ocorreu a nossa primeira aula da interdisciplina "Linguagem e Educação" ministrada pela professora Ivany. Esta professora estava (como sempre) bem humorada, alegre, disposta a compartilhar seus conhecimentos e nos fazer refletir sobre a aquisição da linguagem. Conversamos  em um grande sobre as nossas teorias de como uma criança aprender a falar, após assistimos vídeos que demonstrava crianças "conversando" com adultos a sua maneira. Em seguida realizamos a leitura do artigo "Aquisição da linguagem" publicado em 22 de julho de 2010, por Samanta Demétrio da Silva.
      O artigo cumpre o seu papel ao fazer um apanhado das principais teorias sobre aquisição da linguagem. Durante a leitura tomamos conhecimento de maneira clara e objetiva sobre as principais teorias de autores como Skinner, Chomsky, Pinker e Vygotsky. Em dupla com a minha colega Jaquline construímos um "esquema" sobre o que foi lido e discutido em aula. Compartilho com vocês abaixo:


quinta-feira, 15 de março de 2018


       A animação produzida por Ellen Stein em 2006, faz parte de um documentário chamado “Democratic Schools” de Jan Gabbet. O curta retrata uma realidade presente em escolas de diversos países que mantêm consigo ao longo dos anos uma prática antidemocrática, autoritária, não-reflexiva, características de uma pedagogia diretiva.
    Segundo Becker (2012) a pedagogia diretiva relaciona-se com o modelo epistemológico empirista, onde se predomina aulas expositivas, reprodução e repetição de conteúdos/informações, o professor é visto como dono do conhecimento. O estudante é reconhecido como uma tábula rasa, alguém sem conhecimento sobre o mundo que o cerca, e portanto seria papel do professor transmitir esse conhecimento ao aluno.



        Hühne (2000) diz que a educação bancária não estimula a curiosidade e uma posição crítica diante dos acontecimento, “ao contrário, sua técnica reside, fundamentalmente, em matar nos educandos a curiosidade, o espirito investigador e a sua criatividade (HÜHNE, 2000, p. 13)”. Desta maneira, os estudantes estudam de maneira mecânica, não para aprender, mas sim para memorizar as informações e as utilizá-las em provas.
      Contudo, pensar em metodologias que fujam desde exercício mecânico de memorização é um grande desafio nos dias. Como atualmente eu tenho trabalhado com disciplina de ciências, procuro desenvolver atividades que façam com que o estudante veja o mundo que o cerca de outra maneira. Nas duas escolas em que eu leciono utilizamos livros da coleção "Projeto Araribá", ao trabalhar o conteúdo de ecossistema ( seres vivos e componentes não vivos) encontrei uma atividade no livro com um desenho, onde o estudante deveria identificar os componentes vivos e os componentes não vivos. Questionei-me o porque não trabalhar este mesmo conteúdo só que na comunidade onde eles vivem. Solicitei que os alunos tirassem fotos de algum lugar na comunidade onde eles moram, conforme o combinado eles trouxeram as imagens e a secretária da escola as imprimiu. Este movimento do aluno registrar na fotografia uma imagem que ele visualiza diariamente, e identificar nesta imagem os componentes vivos e não vivos foi positivo. Eles gostaram da prática, e se "encontraram" na atividade, gerando um sentimento de pertencimento.



Referências Bibliográficas
Becker, Fernando. Educação e construção de conhecimento. 2 ed. Porto Alegre: Penso: 2012
HÜHNE, Leda M. O ato de estudar. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2152129/mod_resource/content/1/TEXTOS%20SEMANA%202.pdf